28 de outubro de 2008

Fany Mpfumo e Ricardo Rangel graduados "Honoris Causa" pela Universidade Eduardo Mondlane

FANY MPFUMO E RICARDO RANGEL GRADUADOS DOUTORES "HONORIS CAUSA" PELA UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE Duas das mais destacadas figuras do panorama artístico e cultural moçambicano, o compositor e intérprete musical Fany Mpfumo e o fotojornalista Ricardo Rangel, foram ontem graduados como doutores "Honoris Causa" pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que vê neles personalidades que, em vários sentidos, contribuíram para a construção de Moçambique. A decisão do maior estabelecimento de Ensino Superior do país de atribuir este grau honorífico àqueles proeminentes artistas consubstancia-se num amplo plano do Governo e de várias instituições nacionais para reconhecer e exaltar a vida e obra dos moçambicanos em várias vertentes da sua vida política, económica, social e cultural, segundo destacaram nas suas intervenções o Ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, e o Reitor da UEM, Filipe Couto. Intervindo na cerimónia de graduação de António Mariva, nome de registo de Fany Mpfumo, representado pela filha, Ilda Mpfumo, também cantora, e Ricardo Rangel, o ministro elogiou as duas figuras por inspirarem a moçambicanidade. Reafirmou o cometimento do Governo na promoção e divulgação do trabalho de cidadãos que, com a sua capacidade intelectual e com conhecimentos técnico-científicos desenvolvem acções relevantes que contribuam para o desenvolvimento do país. "Esse desafio compromete-nos a levarmos a cabo acções de reconhecimento, como distinções, premiações ou outras formas de homenagem àqueles que, quer no passado, quer no presente, trabalharam ou trabalham de forma abnegada na preservação, valorização e divulgação do património cultural nacional", apontou o governante. Tanto Fany Mpfumo como Ricardo Rangel podem ser considerados, para além de exímios artistas, cada um na sua área, grandes nacionalistas. O músico é um dos percursores da marrabenta. Neste estilo, compôs inúmeras canções, através das quais interpretava, quando fosse necessário de forma crítica, o quotidiano de Moçambique. No período colonial, por exemplo, chegou a ser, devido ao conteúdo de alguns dos seus temas, procurado pela PIDE, a polícia política portuguesa. Só não foi detido porque, apercebendo-se do facto, conseguiu emigrar para a África do Sul. Depois da independência continuou a cantar Moçambique, inspirando outros artistas, alguns deles interpretando suas canções. Faleceu aos 57 anos de idade, em Novembro de 1987. Ricardo Rangel é tido como um dos percursores do fotojornalismo moçambicano. Ingressou no "Notícias da Tarde" em 1952 e começou daí a testemunhar, por via da sua objectiva, a História do nosso país. Denunciou as atrocidades do colonialismo português em Moçambique, o que lhe valeu pelo menos uma vez a detenção pela PIDE. Com o advento da independência, para além de fotografar para si e para os diversos órgãos de informação para que trabalhou, contribuiu para a formação de outros profissionais, sobretudo no Centro de Formação Fotográfica, de que foi co-fundandor. O reitor Filipe Couto apontou que a UEM continuará a trabalhar na identificação e reconhecimento público de personalidades moçambicanas e estrangeiras que tenham contribuído para o engrandecimento do nosso país. Neste sentido, proximamente receberão o "Honoris Causa" um veterinário português e uma cidadã sueca que contribuiu para o desenvolvimento do Ensino Superior em Moçambique.