7 de dezembro de 2008

Elegia na morte de Samora Moisés Machel (Carlos Domingos)

ELEGIA NA MORTE DE SAMORA MOISÉS MACHEL (Poema inscrito no livro de condolências da Embaixada da República Popular de Moçambique) Não venho trazer-te flores, mas um grito. No teu sangue derramado lateja a minha dor e a minha raiva. Dentro de mim estremeceu o mundo e o mar ferveu, os sorrisos voaram em estilhaços e desmoronou-se a torre em construção. Agora estamos nus sob os escombros e a tua ausência é um vento frio soprando por dentro. Mas nada poderá deter-te, nem a morte! De súbito, surgiste ao nosso lado, sentimos a tua mão de confiança, continuas de pé, jovem, invencível, com a vitória a sorrir-te nos lábios. Nada poderá deter-nos, Samora Machel. As nossas mãos, a nossa voz, as nossas armas velarão a tua memória e arrancarão os frutos renitentes à terra ainda em flor. Carlos Domingos (22 de Outubro de 1986)