31 de maio de 2009

Malária resiste às drogas - alerta a OMS

Doentes de malária numa unidade hospitalar de Maputo
Malária resiste às drogas - alerta a OMS Cientistas internacionais e a Organização Mundial da Saúde (OMS) dizem ter encontrado evidências de que o parasita causador da malária está a tornar-se resistente às drogas consideradas hoje mais eficientes contra a doença. Segundo eles, essa resistência, confirmada no Camboja, precisa deve ser eliminada urgentemente para evitar uma catástrofe global. As drogas à base de artemisinina são as mais utilizadas no mundo contra a forma mais comum e mortífera da malária. Normalmente, esses medicamentos são capazes de eliminar os parasitas da malária do sangue da pessoa infectada num prazo de dois a três dias, segundo estudos da OMS. Mas agora dois grupos de cientistas, trabalhando em pesquisas separadas, dizem ter encontrado evidências de que a eliminação dos parasitas leva de quatro a cinco dias entre pacientes cambodjanos. Segundo eles, esse aumento do prazo para a eficácia da droga seria um sinal do aparecimento de uma resistência ao medicamento. De acordo ainda com os especialistas, este é um motivo para preocupação, porque gerações anteriores de drogas contra a malária tiveram o seu uso inviabilizado por conta da resistência iniciada nessa mesma região do mundo. “Duas vezes no passado o sudeste asiático deu ao mundo um presente, inconscientemente, de parasitas resistentes a drogas, particularmente para África”, afirmou Nick Day, da Unidade de Pesquisas Médicas Tropicais de Oxford, um dos grupos envolvidos na pesquisa. “Este é o problema. Tivemos resistência à cloroquina e à sulfadoxina-pirimetamina (SP), ambas provocando uma grande perda de vidas em África. Se a mesma coisa acontecer agora, com a disseminação de parasitas resistentes da Ásia à África, isso terá consequências devastadoras para o controlo da malária”, avisou Day. Ainda não está claro por que é que essa região se tornou berçário para a resistência às drogas anti-malária. Mas, um dos factores pode ser o facto de que o sistema público cambodjano é precário e que o uso dessas drogas no país não é controlado. Além disso, há muitas drogas falsas à venda, que contêm uma pequena dose dos medicamentos verdadeiros para enganar os testes. Isso também pode levar à resistência. Segundo a OMS, um milhão de pessoas morre por ano por causa da malária. Crianças, particularmente em África, estão sob o maior risco, com a morte de uma criança pela doença por cada 30 segundos. Aproximadamente metade da população mundial, principalmente em países em desenvolvimento, está exposta à doença, transmitida por picadas de mosquito. Maputo, Sábado, 30 de Maio de 2009:: Notícias