27 de junho de 2009

Eleição na Guiné-Bissau condicionada por assassínios políticos

Eleição na Guiné-Bissau condicionada por assassínios políticos Malam Bacai Sanhá é favorito nas presidenciais da Guiné-Bissau Onze candidatos, entre eles três ex-chefes de Estado, vão amanhã sujeitar-se à vontade dos perto de 600 mil eleitores da Guiné-Bissau, onde a onda de assassínios políticos tornou a campanha quase invisível. A antecipação das eleições, previstas para 2010, decorrente dos assassínios do presidente João Bernardo "Nino" Vieira e de Tagmé Na Waié, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, na noite de 1 para 2 de Março, tem sido marcada pela instabilidade, se bem que se ouçam muitas garantias oficiais de segurança. As mortes violentas, a 5 do corrente, do candidato presidencial Baciro Dabo (antigo ministro da Administração Territorial) e do ex-ministro da Defesa Hélder Proença, próximos de "Nino" e acusados de tentativa de golpe de Estado, praticamente anularam o debate político, e a campanha eleitoral, embora serena, foi muito limitada. Malam Bacai Sanhá, do PAIGC, partido do Poder (detém 67 dos 100 assentos parlamentares), é o favorito, seguindo-se Kumba Ialá, do PRS (principal força da Oposição) e Henrique Rosa, cuja candidatura não está associada a qualquer partido. Caso seja necessária, uma segunda volta ocorrerá a 28 de Julho. Poucos acreditam, porém, que o processo eleitoral, por si, resulte na estabilização deste país de língua oficial portuguesa, cuja notoriedade internacional se deve à nefasta circunstância de ser uma plataforma giratória do tráfico de estupefacientes. Organizações não-governamentais, como a Rencontre Africaine pour la Défense de Droits de l'Homme (Raddho) ou o "nternational Crisis Group (ICG), têm lançado apelos para que forças multinacionais sejam colocadas no país, "refém dos militares". Segundo a Raddho, "a situação actual de medo e de terror não é propícia à realização de eleições credíveis a 28 de Junho". Para o ICG, Portugal "está em melhor posição para assumir a responsabilidade de país líder" no processo. Claro que não é essa a visão dos militares guineenses. Zamora Induta, o actual chefe do Estado Maior das Forças Armadas, garante que "a situação de segurança no país está controlada na íntegra". Ou seja, embora o general vá dizendo que a responsabilidade é da Polícia, os militares estarão de prevenção, "na retaguarda", prontos a tomar conta da situação. Diário de Notícias, 27 de Junho de 2009