13 de agosto de 2009

Inhambane "Terra da Boa Gente", completou ontem, 63 anos de elevação à categoria de cidade

Aniversário da cidade de Inhambane 53 anos de avanços e recuos A tranquilidade pública é um dos aspectos que orgulham os munícipes da “terra de boa gente”, enquanto a habitação está num caos total Inhambane (Canalmoz) – A cidade de Inhambane, “terra de boa gente”, completou ontem, 53 anos de elevação à categoria de cidade. A efeméride foi pretexto para grandes festejos: animais sacrificados, coroa de flores depositada em memória de heróis moçambicanos, manifestações culturais, desportivas, e até corridas de «txovas». Para nós, o aniversário da cidade foi pretexto para questionar os munícipes, “como vai Inhambane-Céu?”. As respostas foram diversas. Uns apontaram avanços e outros retrocessos. Crescimento desordenado da cidade À semelhança do que acontece um pouco por todas capitais provinciais do País, em Inhambane, as migrações do campo para cidade, têm tendência crescente. Nos últimos anos, muitos novos habitantes chegam a esta cidade à procura de emprego, essencialmente. E encontraram um Conselho Municipal não preparado para acolher tanta gente, visto não existirem planos de urbanização desenhados, pelo menos a avaliar pela forma como as novas habitações estão a ser erguidas, nesta cidade. É a desordem total que caracteriza os bairros da cidade. A construção ilegal e desordenada de residências na zona do aeródromo local, a degradação das vias de acesso, a necessidade de abertura de estradas que permitam a circulação normal de pessoas e bens em toda a periferia da urbe, e o emaranhado de casas que se verifica nos bairros Chalambe I e II, Liberdade I e II e Muelé, são os aspectos negativos, mais visíveis, na área de infra-estruturas, na cidade de Inhambane. No bairro de Muelé, concretamente, tornou-se muito difícil circular. Não há ruas parceladas, as casas foram construídas umas atrás das outras, sem ordenamento e são na sua maioria de construção precária, cobertas de folhas de coqueiros, material aqui conhecido por “macuti”. Um eventual incêndio numa das casas, pode causar uma catástrofe, visto que facilmente, as casas vizinhas podem pegar fogo e registar-se um incêndio em série. Para mais não há bombeiros na cidade. O governo promete há anos resolver a questão, mas não há meio de cumprir. Esta cidade, que até tem um aeroporto já com algum tráfego internacional, como o governo promete e não faz, continua sem os chamados “soldados da Paz” – nome que também é dado aos bombeiros. João Nhamposse, natural e residente na cidade de Inhambane, disse à nossa reportagem, que uma das razões que concorre para a habitação precária que se está a construir é o Município cobrar altas taxas para se poder construir em alvenaria. “É que o município exige licença de construção, para qualquer tipo de obra que seja de alvenaria”. “Uma casa de tipo 3, tipo 2, ou mesmo de tipo 1, desde que seja de alvenaria, tem que se comunicar ao município que se pretende construir, e a edilidade fixa uma taxa de construção, que muitas vezes não está ao alcance dos cidadãos”, conta o nosso entrevistado. A opção de quem precisa de habitação é construir com material precário e em qualquer lugar, porque também é difícil legalizar-se um talhão. Sendo assim, e porque as pessoas não têm melhores alternativas, constrói-se desordenadamente e com materiais de fraca qualidade e curta duração. Aparece-nos uma cidade de Inhambane a expandir-se desordenadamente e com habitação pobre e sem condições. A falta de planeamento impede que os bairros de expansão obedeçam às mais elementares normas. É outra situação que inquieta os munícipes. “O município devia conceber bairros para habitação, abrir ruas, colocar fontenários de água e construir escolas, nos bairro de expansão. As pessoas que vivem aglomeradas nos bairros suburbanos, podiam transferir-se com facilidade para os novos bairros”, sugeriu Inácio Nhassengo, morador de Chalambe I, um dos bairros que delimitam a chamada “zona de cimento”.
Transporte
Sendo Inhambane uma cidade pequena, a falta de transporte não se faz sentir. É fácil as pessoas deslocarem-se aos principais pontos da cidade, a pé, em pouco tempo. Sair da ponte cais, onde se apanha o barco para Maxixe, passando pela Catedral, depois pelo edifício-sede do Município, pelo Mercado Central, Hospital Rural, Cemitério da cidade, Cadeia Provincial, e voltar para a Escola Superior de Hotelaria e Turismo, é possível, em menos de 45 minutos. Esta zona é aprazível e está com aspecto agradável. Para as zonas mais distantes da cidade, existe transporte suficiente, entre semi-colectivos e Transporte Público de Inhambane (TPI). Pode-se dizer que em Inhambane-céu não há problemas de transporte.
Criminalidade praticamente Zero
A tranquilidade pública é outro factor que alegra os munícipes desta urbe. “Aqui em Inhambane não há tanta ocorrência de crimes”, disse Amâncio Massingue, agente da Polícia de República de Moçambique (PRM), afecto à 2ª Esquadra da cidade. Aliás, os moradores da cidade orgulham-se por este facto. Costuma-se dizer que “se alguém for roubado em Inhambane, o ladrão não é morador da cidade, mas, sim, visitante”. Vêm de longe roubar aqui, é frequente ouvir-se comentar quando surge uma onda repentina de crime. Vêm de Maputo quando há períodos de procura turística. Inhambane vive essencialmente do Turismo. Tem praias maravilhosas.
Lixo reaparece na cidade
Mas nesta cidade, que em tempos foi considerada a mais limpa do País, de há uns meses para cá começa a ter lixo que não era habitual. O lixo tomou conta da urbe, e em cada esquina da cidade, vêem-se montes de lixo espalhado, sem que o mesmo seja recolhido pelo município. Face a esta matéria, o edil da cidade, Lourenço Macul, disse à margem da cerimónia de deposição de coroa de flores na praça dos heróis, que “se deveu a avarias em veículos usados pelo município na recolha de resíduos sólidos”. “A situação já está a melhorar e vai melhorar ainda mais nos próximos dias”, prometeu o presidente do Conselho Municipal.
Travessia
Com os novos barcos a travessia Inhambane-Maxixe, melhorou. Os munícipes dizem-se satisfeitos. Entretanto, a travessia para a Ilha de Xidwane, continua a ser garantida através de barcos à vela. O percurso no mar leva mais de duas horas. Os mesmos não oferecem segurança aos passageiros.
Falando à imprensa, o edil da cidade, Lourenço Macul, considerou que apesar dos problemas aqui enumerados, a cidade está a conhecer um desenvolvimento significativo, e os problemas prevalecentes são desafios para se ultrapassar. Dados do último recenseamento geral da população e habitação realizado no País (2007), indicam que a cidade de Inhambane possui 65.149 habitantes, dos quais 30.640 são homens e 34.509, mulheres. (Sara Pacul, em Inhambane) 2009-08-13