1 de janeiro de 2010

Independência do Zimbabwe: Thatcher proibiu encontro com Mugabe



Nas vésperas da independência do Zimbabwe: Thatcher proibiu encontro com Mugabe

Margaret Thatcher proibiu em 1979 o seu enviado especial à então Rodésia (Zimbabwe) de se encontrar com Robert Mugabe, com o argumento de que “não se discute com terroristas antes de serem primeiros-ministros”, segundo arquivos oficiais britânicos segunda-feira desclassificados.

Thatcher, que em Maio de 1979 se tornou a primeira mulher a dirigir um governo britânico, iniciou funções quando na então Rodésia, hoje Zimbabwe, Robert Mugabe era apenas um opositor político, partidário da luta armada contra o regime segregacionista de Ian Smith.


Em Junho, e na sequência das primeiras eleições multirraciais, um governo de transição foi constituído na ex-colónia britânica e Abel Muzorewa foi empossado como primeiro primeiro-ministro negro do país. Mas os outros partidos negros, entre os quais o de Mugabe, recusaram juntar-se ao governo porque dele fazia parte Ian Smith.

Margaret Thatcher iniciou diligências para reconhecer o governo de transição, mas recusou que o seu enviado especial a Harare, Lord Harlech, se reunisse com os dois dirigentes rebeldes da Frente Patriótica, Mugabe e Joshua Nkomo.

“Não. Por favor, não se reúna com os dirigentes da Frente Patriótica. Nunca falei com terroristas antes deles se tornarem primeiros-ministros”, escreveu - e sublinhou várias vezes - numa carta do Foreign Office de 25 de Maio de 1979 em que o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Peter Carrington, sugeria um tal encontro.

Os documentos revelam também que o antecessor de Thatcher, James Callaghan, recusou dar asilo ao Xá da Pérsia, Mohammad Reza Pahlevi, na sequência da Revolução Islâmica, para evitar tensões com o regime que acabava de tomar o poder no Irão.

Os arquivos relativos ao Irão são anteriores ao governo de Margaret Thatcher, datando dos dias que se seguiram à Revolução Islâmica de 16 de Janeiro de 1979, mas a posição que Londres assumiu então foi mais tarde criticada pela “Dama de Ferro”.

Maputo, Sexta-Feira, 1 de Janeiro de 2010:: Notícias