1 de março de 2010

O Moleque

O Moleque

«Traz bazuca para mim...
dois eme, Manica, tanto faz,
preto ou branco, não interessa.»
“Minha Motiana, corta o capim,
trata machamba – a vida dela é essa!
Para mim, a cidade, é que me satisfaz.”

“Moana, não me chateia, para chorar.
Lá na Terra, mãe é que tem problema;
Dela, é que é esse cuidado...
Aqui, na Cidade, eu trabalho, estou a adorar.
Chapa ganha, chapa gasta, é o meu lema...
Para servir mozungo, eu sou criado.”

“Na Cidade, também tenho palhota,
Na temba, que divido com a minha amiga.
Quando estou doente, chamo o macangueiro,
Mesmo quando é dor de barriga,
Vou pedir emprestado dinheiro
E pago ao gajo a gasolina da mota.”

“No próximo ano, vou ver a família...
levo saudade e muitas novidades;
Vou convencer da melhor maneira,
A mulher, com alguma companhia,
Para suprir todas as necessidades,
As poupanças dela, depois de tanta canseira!”

“Esta é a vida dos nossos costumes...
Do milho, amendoim e mandioca,
Os lucros da venda, são para eu gastar.
Para ela, compro vestido novo... nada de perfumes
E, com sorte, ainda faço alguma troca...
Vou arranjar outra, se vier a gostar!”

Joantago