6 de agosto de 2011

Dhlakama diz que situação está pior do que no tempo colonial

Dhlakama diz que situação está pior do que no tempo colonial

O presidente da RENAMO, maior partido da oposição em Moçambique, considerou que se vive uma situação “pior do que no tempo colonial” e acusou os europeus de conivência, “adiando a democracia multipartidária” no país.

“Eu não estou aqui para elogiar o colonialismo português mas em termos de repressão, de falta de democracia, até de discriminação é pior agora do que no tempo colonial”, acusou Afonso Dhlakama, em entrevista à Agência Lusa, em Quelimane, antes de iniciar uma digressão partidária pela Zambézia.

O dirigente disse que a questão não era a de se sentir perseguido ou vigiado, “mas a democracia que está a desaparecer” e deu como exemplo a recente mudança de governo em Portugal para lamentar “a falta de alternância governativa que nunca houve” no seu país, desde a independência, em 1975.
Dhlakama acusou o governo da FRELIMO de ser “ilegal desde 1994, porque nunca a FRELIMO ganhou as eleições e acusou os europeus de aconselharem a RENAMO “a esperar”, contribuindo para “adiar a democracia multipartidária” no país.

“Nunca houve uma pressão sobre a FRELIMO. Pelo contrário, nos europeus a tendência até é a de aconselharem a RENAMO para esperar mais. O problema já não é da RENAMO, é de adiar a vitória do povo de Moçambique, ou adiar a própria democracia multipartidária”, disse.

As acusações do líder da RENAMO estenderam-se a Portugal, que disse de ter receio de reconhecer "o papel importante" desempenhado pela RENAMO, em Moçambique, e UNITA, em Angola.

“Portugal quer em Angola, quer em Moçambique, tem medo de ver que a RENAMO desempenha um papel muito importante, como a UNITA. Estamos a sofrer muito com isso, já disse isto ao Durão Barroso, aos espanhóis aos britânicos”, lembrou. “Alguns, indiretamente, concordam comigo mas quando há eleições, se é um observador da direita tem receio de dizer que houve fraude, mas quando é um observador socialista, às vezes tem coragem de dizer que houve fraude…”, acrescentou.

Lusa, 05 de Agosto de 2011