10 de setembro de 2012

A torneira do dinheiro (Armando Esteves Pereira)


No início da década de 90, a explosão bancária em Portugal foi tão forte que, de norte a sul, nas principais praças, históricas pastelarias fecharam para dar lugar a agências bancárias.

Para os bancos, o negócio correu muito bem durante 20 anos, o caminho do euro baixou os juros e abriu a torneira do financiamento externo barato. Captar poupança passou a ser secundário. O que importava era emprestar dinheiro, e os portugueses passaram a ter tudo a crédito, da casa ao carro, da mobília às férias. Outra área favorita foi a especulação financeira com créditos que a crise financeira veio a revelar incobráveis. Agora que a torneira do dinheiro fácil acabou, a Banca despede e fecha balcões. Mas, com a crise, nem as pastelarias regressam à praça.

Armando Esteves Pereira
Correio da Manhã, 5 de Setembro de 2012